Como todas as lutas por direitos democráticos, assim também esta rejeição histórica de 25 de Junho frente ao ultimato do Eurogrupo vem com uma grande etiqueta de preço em anexo. É, portanto, essencial que o grande confiança concedida a nosso governo pela esplêndido “NO” popular seja investido imediatamente em um SIM para uma resolução adequada – a um acordo que envolve a reestruturação da dívida, menos austeridade, redistribuição em favor dos necessitados, e real reformas.
Logo após o anúncio dos resultados do referendo, eu estava ciente de uma certa preferência por alguns participantes do Eurogrupo, e dos parceiros ‘variados, para a minha … “ausência” de suas reuniões; uma idéia que o Primeiro-Ministro considerada potencialmente útil para ele chegar a um acordo. Por esta razão eu estou deixando o Ministério das Finanças hoje.
Considero que é meu dever ajudar Alexis Tsipras explorar, como lhe aprouver, a confiança que o povo grego nos concedeu através de referendo de ontem.
E vou continuar a usar a aversão aos credores com orgulho.
Nós da Esquerda sabemos como agir coletivamente sem nenhum apego aos privilégios de escritório. Vou apoiar plenamente o primeiro-ministro Tsipras, o novo ministro das Finanças, e nosso governo.
O esforço sobre-humano para honrar o bravo povo da Grécia, e do famoso OXI (NO) que concedeu a democratas de todo o mundo, está apenas começando.
Yanis Varoufakis
http://yanisvaroufakis.eu/2015/07/06/minister-no-more/
Comentários meus: Entendo que o Ministro retirou-se do governo para facilitar novas negociações com o Eurogrupo, embora não concorde com suas ideias anteriores sobre um esforço para manter a Grécia na zona do euro, admiro que tenha conclamado o “não” diante das exigências inaceitáveis dos credores (a maioria de Bancos americanos) para as renegociações das dívidas.
A muito tempo escrevei aqui que a Grécia não tinha mais condições de arcar com as dívidas públicas contraídas no período em que se associou a Zona do Euro. Era uma ilusão a sua inclusão desde o início, assim como é uma ilusão que países como Portugal, Espanha e Itália continuem na Zona do Euro. A dívida pública destes países apenas cresce ao longo da ultima década, vai chegar o momento da “implosão”, como está acontecendo com a Grécia hoje.
A Economia Grega tem como grande fonte de renda o turismo, e quase mais nada; como pretendia conviver economicamente em condições de igualdade econômica com a Alemanha e França? Após a crise iniciada em 2008, e ainda em curso e que ainda vai atingir o seu auge dentro de 5 anos, a Grécia teve sua receita diminuída assustadoramente, e as despesas públicas apenas subia.
O calote internacional da Grécia ascende a cerca de 90 bilhões de euros e deve somar ao final um numero próximo do dobro de imediato. Se não aceitar mais nenhuma assinatura de mais “bonds” para renegociar estas dívidas, o que seria certo e lógico, vai expor uma cadeia de bancos altamente endividados e com novo super rombo financeiro, daí, poderemos ter novos desdobramentos, principalmente na economia americana.
O Povo Grego, em sua maioria, já deu o que podia dar, hoje grande parte não tem nem o que comer, faz filas em sopões na rua, nem ao menos podem pagar a conta de energia elétrica e gás para aquecimento durante o inverno e estão sem.
Quando aderiram ao Zona do Euro, ficou claro para mim que era uma fantasia: um exemplo grotesco, seria como um trabalhador que ganha R$- 1.000,00, de uma dia para outro passar a ganhar 1.000,00 euros. Lindo e maravilhoso, mas uma fantasia. Excetuando-se hoje a Alemanha, a Europa toda tem um problema sério a resolver com relação principalmente com as pensões elevadas e uma população cada vez mais envelhecida. Em atuária estes números são insustentáveis a curto e médio prazo.
Espero que os gregos possam com sabedoria dos antigos Deuses Gregos saber como sair desta enrascada. Está bem difícil a situação.
Por Atama Moriya, em 06-julho-2015.